"SOU UM CAIPIRA MINEIRO"
Quantas vezes triei aquela pinguela
no ombro carregando a minha enxada
a qual afiei o fio dela
para carpir a minha invernada.
Colhi e fartei os meus jacas
muitas farturas nas gamelas
outras tantas sobre a mesa
colhidas com as minhas certezas.
Encharquei-me nas fria garoas
percorri os trieiros orvalhados
coloquei rações nos cochos
os quais por mim foram talhados.
Nas manhas de primavera
sobre o meu fogão de lenha
meu bolo de mandioca eu cosia
que dentro da matula ia.
Fartei os meus seleiros
abarrotei minhas tulhas de milho
nas tardes fui cavaleiro
no campo,um trabalhador andarilho.
Nas noites de meu repousar
orei a Virgem Maria
para mim e aos de pouca fé
que nos dê saúde nas causas do dia a dia.
Vivo só na minha solidão
em minha casinha de pau a pique
é bem simples e modesta
mas o bastante para o que me resta.
Sou um caipira mineiro
com muita honra e satisfação
é a terra que do mato eu faço lenho
é o meu berço o meu rincão.
Quando o meu tempo passar
quero que me plantem por aqui
que eu germine garboso
nos corações daqueles que de mim se setem orgulhoso.
Não quero tristeza nem choro
somente amigos e alegria
por aqui cumpri a minha sina
com fé e galhardia.
Minha herança esta reunida em meu trabalho
que deixo ao homem do campo
e ao homem da cidade
o que restar da minha honestidade.
Que ela sirva um pouco de exemplo
que la na roça tem trabalho
tem também caráter e honestidade
é um pouco do que deixo,ao que falta aos homens da cidade