Um Universo Finito
Quem me dera, numa manhã qualquer, acordar e enxergar novas cores que nenhum olho humano tenha visto. E , de repente, descobrir que o mundo é muito mais que arco-íris , que na verdade o infinito não é apenas isto. Quem me dera tocar o espaço com as pontas dos dedos e sentir na palma da mão o abstrato: tristeza, raiva, o tempo, saudade, alegria... e assim, de punhos fechados, aperta-los por apego ou esmaga-los acenando com o desprezo. E quem sabe chegue o dia em que não reconheça mais que são utópicas as sinestesias.
Talvez, neste dia, a maior distância não será tão longe e o perto não tão perto. Quem sabe o que é feio possa ser belo olhando por novos espectros. E junto ao ponteiro do relógio atrasado, os minutos se percam e o tempo , talvez, realmente pare e nossa existência possa ser infinita num breve lapso ou relapso de Cronos.
E na incerteza de cada passo, em cada pensamento insano, descobrir que o universo é deveras humano. Finito em todos os sentidos, sendo isto, primordialmente naqueles que não são percebidos.