UM PASSO II
De braços abertos
te recebi nas fronteiras do meu mundo;
franqueei-te minhas portas,
dei-te a conhecer meus deuses, meus tesouros...
Do cume das minhas montanhas
mostrei-te as paisagens mais queridas;
levei-te pelo caminho de minha história;
dei-te a beber das minhas fontes límpidas;
apontei-te a beleza de minhas estrelas.
Servi-te à mesa do banquete,
ungi-te com meus perfumes,
guiei-te por minhas cordilheiras,
meus abismos, grutas e mistérios...
Contudo não te amadureci,
não te esclareci,
nem pude te ensinar minha linguagem...
És ainda a criança que quebras teus brinquedos,
sem chegar a ama-los;
que pisas indiferente as flores que te oferecem;
que colhes os frutos à farta,
e os desperdiças se dó,
por desconheceres a medida do teu apetite.
De volta ao teu mundo, esperarás que o tempo te esclareça
o passo dado levianamente que não soubeste avaliar,
enquanto eu prossigo na escalada do meu universo ilimitado.
Tens plantada em ti a semente da magia que te impus,
que a seu tempo, verás, será árvore e frutificará.