UM PASSO I
Há um passo a dar:
um simples, um diminuto, um leve passo...
um movimento só, um impulso sutil como um bater de asas,
que te amedronta mais que o voo alto dos falcões,
a velocidade ultrassônica dos foguetes,
ou a viagem intemporal de um disco voador.
Temes esse passo pelo desconhecido que representa:
quem sabe uma queda?
o abismo, a voragem da incerteza que te consome?
No limite das tuas verdades preconcebidas,
esse passo representa conceitos para os quais não te sentes pronto.
É preciso que cresças, que te libertes do casulo da tua infantilidade,
e, passo dado, penetres num mundo novo,
onde tuas asas adultas,
te elevem num voo extraordinário.
É em vão que clames por meu socorro,
e me interrogues sem remédio.
Tens que crescer sem que eu te auxilie;
e a decisão de dar o passo,
há de vir da tua maturidade.
Na minha dimensão eu desconheço
o medo, o mistério, a indecisão;
não me aflige buscar soluções,
pois como a esfinge, eu proponho os enigmas.
Estou além dos paradigmas,
além das influências.
acima do bem e do mal.
No limiar do teu passo
espero... de braços abertos para receber-te,
...aguardo que te decidas...