CONFIDÊNCIA AMARGA...

Antes de conhecer-te julgava-me feliz,
Dias outrora do amor nada sentia
Na vida mansa, era como um lago azul!
Fazia-me sentir como um cisne de douradas plumas
Más veio o sol, vermelho de raios quentes,
Tem sido para mim constantemente triste!
E o manso lago azul, sem brilho sem doçura
Não há mais lago, não há mais vida, nem cisne
No lago onde talvez a água tisne...
Percebo em mim este momento incerto!
Olhos perdidos no mar, tão tristes... Sombrio
Lúcida! Quanta melancolia em meu olhar desponta

Infelizmente precisas partir... E então?
Você continuará no azul da adolescência, o cisne!
Fogo trôpego, más as pombas vão e voltam,
E rufando as asas, sacudindo as penas
Irás sem saber que fazer da vida que era tua...
E quem procurando com o mundo, afastam-me de ti!
Benéfica é a dor que enobrece, é grande e é pura!
Será ela a curtir em queixa, o mal que te crucia
Na humildade sofre sereno, e no íntimo procura
Teu mundo, tua inconsolável amargura

Então será ela tua alegria, e só ela tua ventura
E na vastidão do céu além fulgura os sonhos
Como que; eu tenha ficado hoje a esperar-te
Ontem me fez cruzar com o teu olhar na rua
Usei da alma, e cruzei o seu olhar com firmeza
Razão das minhas palavras febris, minha historia
Tornou-me a confidente do homem que amei.

 (_05/1969)