Eu hoje acordei tão só

Eu hoje acordei tão só,

Solidão de um silêncio desmedido,

Pedaço vazio que não se encaixa,

Olhar perdido ao vento como se fosse pó...

Olhei meu rosto no espelho

Não enxerguei palavra

Não ouvi letra

Esqueci-me na mudez do teu olhar...

Uma vez falei-te na praça

Que árvore eu quero ser

Ficamos a olhar para as copas

Como dois galhos presos pelo mesmo amor...

Enquanto lágrimas você se fez

Abraço quis ser

Com as pontas dos dedos toquei o lume em teu rosto

Brilho d’água mirada em lua ensolarada...

O frio cortava nossos corpos

E num impulso o teu abraçou o meu

O calor do beijo se fez instante

E o frio distante...

E era então partida

Para aquilo não havia saída

Não houve impulso além do abraço

Apenas o olhar a ver-se na distância do outro que se queria...