Água o precioso Colírio
Qual precioso colírio,
de tamanha transparência.
Mostra a realidade sofrida,
da vida farta, que falta a vida.
Avidamente espera a população
pelas gotas d’água que vão se formando através do orvalho, que às vezes se confundem com as próprias lágrimas que saem de um
olhar profundo, a ajuntarem-se e umedecer-lhes-á garganta.
Nuvens escuras e os brados fortes dos trovões
apressam as panelas e bacias debaixo dos telhados.
Poucos são os utensílios para fazer os cozinhados,
e apanhar as águas que ainda continuam escorrendo através
das velhas telhas.
Agora são os olhares que vão acompanhando a correnteza, das águas
que vão embora apressadas, se despedindo dos últimos instantes da partida,
assim como fazem os velhos e grandes amigos.
Ainda restam vasilhas cheias d água
Não se pode gastar tudo, apenas uma porção, menos do que o necessário.
A cacimba fica ao longe, amanhã ninguém trabalha é dia de feriado.
Rostos intemperizados, com sulcos pronunciados na pele ressequida,
São desenhadas as rugas festivas, inundadas de cantorias, cores, as danças e os sabores das celebrações e comemorações fraternas.
Agora, já se passaram os feriados, acabou a animada festa do rosário,
Restaram-lhes apenas o orvalho
E os olhos d´agua.
Joel Lima da Fonseca
Coluna-MG