" A SOMBRA "
Enquanto há luz,
uma sombra segue.
Não se importa ela
com as pedras do caminho,
com as alegrias de sua alma,
com as tristezas do coração.
A sombra segue calada, estoicamente.
Como anda vagarosa, ela vai sem queixas,
solitária, mas pouco a pouco se dilui nas sombras
como que enganada, esfumaça-se e se recolhe
cansada de seus pensamentos
e se recolhe ao abismo. Agasalha-se
entre a lembrança da luz e os pensamentos dolorosos.
Mas quanta paz parece merecê-la.
E permanece a sombra impalpável,
mais leve que a água, quase coisa alguma.
Verde a grama,
verdes as árvores,
ásperas as pedras,
inerte a sombra,
como um pensamento.
Mas saída de ti,
a sombra calada se dilui
na noite, menos que sólida.
E novamente ressurge com a luz
e retorna a sombra sem rumor.
Verde a grama,
verdes as árvores,
ásperas as pedras,
inerte a sombra,
como um pensamento.