Mortalha

Inspirado em: "Tempos de Pã"

Da querida poetiza "Kulujá"

Arana do Cerrado

"Quem anda duzentos metros sem vontade

anda seguindo seu próprio funeral

vestindo a própria mortalha"

Walt Whitman

!Mortalha!

A marcha dos devastadores insetos na Terra, nos telhados e nos Céus Poéticos, coalhados de estrelas... Tudo mastigam feito saudade. E tudo engole feito monstruosa maldade. Ó dor poética que sinto, dos tempos que ficaram no espelho.

Não conseguirei burlar a lei da gravidade, nem quero. Me resta o consolo, da alma ser eternamente bela.

Ó dor que se agiganta nos reflexos d'água. Ó dor! Tanta dor!... Uma mortalha de Vida e Morte, nos embriões do nosso dilacerado e dilacerando ser.

Acho que não consigo gritar. Fiz as pazes com o silêncio e quantas verdades descubro passeando sobre seus rochedos. Ó dor imensa do mundo, que há de produzir dor. Ó dor causticante nos poros da pele, fumegando calor, feito panela vazia em fogão de lenha. Saindo do Centro-da-Terra.

Os ventos foram carregados pelas corredeiras dos rios. A ira do Deus-Natureza, se move feito mares que se estreitam e entorpecem às margens dos Igarapés. Tudo que se faz sem vontade é feito leite que talha.

Tudo é labirinto nesse abismo que vivemos. E como é difícil pular no abismo sem corda e como é difícil amarrar à corda em volta do pescoço.

Atalhos são para os fortes, onde fracos e covardes, nunca tiveram trono, porque nunca foram reis e muito menos súditos.

Somos formigas voadoras porque sonhamos que temos asas. As janelas do meu ser continuam escancaradas e tento novo voo. Sempre caio sem um arranhão. Só o mindinho ficou torto.

Cigarras brindam com seu canto em minha janela sempre aberta. Preciso ver o Sol e a Lua passeando nos Céus. Além do cheiro dos hibiscos entrando quase janela adentro e as imensas Palmeiras Imperiais que meus olhos fazem questão de ser a primeira paisagem do dia.

Cupins não comeram meu sorriso e brindo com animais cada degrau que sobem como se fossem derradeiros movimentos. Talvez sem inocência mas com terna ingenuidade. Me orgulho de sentimentos nobres, porque são ímpares, quando tudo quer ser par.

Sempre tive olheiras... (Um velho amigo, dizia: Você tem cara de "foda"!).

A flauta-imaginária, carrego no bolso e o violão sem cordas, nas costas e ainda celebro alguns sons imaginários. Minha cabeça é uma orquestra. Adoro sons de violinos e uma voz terna sussurrando em meu ouvido: TE AMO!

Jamais perderei o encanto pela vida porque eu sou a Vida. Mas sempre morro um pouco quando escrevo, porque deixo o que de mais belo existe em mim.

Tony Bahi@.

Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 30/03/2014
Reeditado em 30/03/2014
Código do texto: T4749312
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