Psitacismo
Lá vai o homem em trapos, como um mastim do inferno, embriagado em sua própria ilusão, falando psitacismos.
Não há delícias, não há risos, não há festa, somente a dor da decepção que por si mesmo procurou, que criou sozinho, afinal, criar o vazio é sua especialidade...então sua especialidade é sofrer.
O que mata o homem não é a morte, mas essa vida utópica que cria e recria dia-a-dia em seu recôndito quimérico, em seu afã imaginário, que beira mais a loucura do que a realidade. Imaginação desmedida é estupro ao coração: que ninguém reclame das dores depois, afinal a realidade, quando não concretiza as ilusões ( e nunca concretiza) deixa o legado delicioso da dor.
Deus gorou a vida humana, agora só nos resta sonhar, mas sonhemos sonhos prováveis de serem vestidos, afinal quem se veste de sonhos concretizáveis está a beira do orgasmo da felicidade, e o gozo, esse sim (!), vai manchar a cara do altíssimo, gorador dos seres.