ESFINGE
Se quiser me conhecer, leia-me...
Mas não procure nas palavras explícitas,
aquelas esparramadas sobre o papel.
Tampouco naquelas extensas, coerentes...
Não me encontrará no óbvio.
Remexa nos detalhes, nas gavetas das ideias.
Busca-me naquele verso torto,
nas rimas desencontradas,
no emaranhado das letras...
Sou aquilo que se esconde na encosta das palavras,
que desliza entre as linhas,
brota do ventre da metáfora.
Aquilo que sopra sutilmente da intenção.
Estou espremida entre a vírgula e o ponto final,
disfarçada nas dobras do parágrafo,
quem sabe nas reticências...
Não me leia como se fosse um jornal,
cuja notícia vem estampada em manchete.
Leia-me como se estivesse num bar,
preparando-se para um trago.
Não leia com os olhos; antes, com o paladar.
Sorva-me com o olhar...
Sinta-me escorrer pela garganta da retina.
Se ao final do trago, seu paladar continuar insosso,
sua alma espreguiçada na indiferença;
se sua curiosidade não foi aguçada, creia-me...
Eu não fui decifrada.
Se quiser me conhecer, leia-me...
Mas não procure nas palavras explícitas,
aquelas esparramadas sobre o papel.
Tampouco naquelas extensas, coerentes...
Não me encontrará no óbvio.
Remexa nos detalhes, nas gavetas das ideias.
Busca-me naquele verso torto,
nas rimas desencontradas,
no emaranhado das letras...
Sou aquilo que se esconde na encosta das palavras,
que desliza entre as linhas,
brota do ventre da metáfora.
Aquilo que sopra sutilmente da intenção.
Estou espremida entre a vírgula e o ponto final,
disfarçada nas dobras do parágrafo,
quem sabe nas reticências...
Não me leia como se fosse um jornal,
cuja notícia vem estampada em manchete.
Leia-me como se estivesse num bar,
preparando-se para um trago.
Não leia com os olhos; antes, com o paladar.
Sorva-me com o olhar...
Sinta-me escorrer pela garganta da retina.
Se ao final do trago, seu paladar continuar insosso,
sua alma espreguiçada na indiferença;
se sua curiosidade não foi aguçada, creia-me...
Eu não fui decifrada.