A VEIA DO POETA

A VEIA DO POETA

Há anos se debruça sobre papeis e escreve,

Sem ver nesse mister um compromisso.

É um prazer escrever: e ao contar histórias,

Nelas louva a vida, esmiúça sentimentos...

Esgota o coração de alegrias, lembranças, contradições, anseios.

Suas cartas de amor são mimos, são ternuras;

Seus poemas primores de harmonia e métrica.

Ao descrever a flor e seu perfume,

Seu desejo tenaz é demonstrar completo

O sentido ideal da flor e da fragrância.

A inspiração o leva a indizíveis procuras;

Aceita o flagelar da mais atroz insônia,

Na ânsia de encontrar uma expressão perfeita,

Que possa coroar o desfecho de um verso.

O tédio se insinua; às vezes a rotina

Dos dias o conduz a um descompasso,

Que o afasta da luz que lhe alumia a vida,

E ele se curva ao vazio, e ali depara o medo

De que lhe falte a graça do arrebatamento

Que o leva à criação.

Vê esgotada a fonte, desbaratado o leito

Do rio, onde corriam aguas de pujança;

Uma senda de areia estéril descortina

Uma paisagem de desesperança.

Outro dia vem... Outra noite, a virada

De pronto o reconduz à palavra e ao verso.

A inspiração reluz e, como estrela guia,

O resgata da dor aonde estava imerso.

hortencia de alencar pereira lima
Enviado por hortencia de alencar pereira lima em 27/03/2014
Código do texto: T4746163
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