O (meu) PRÓXIMO...

Restaurantes, lotados

um povo agitado

na pressa de comer

Gastos exorbitantes

fome alucinante

será que estão a morrer?

Pratos espalhados

copos abarrotados

sucos, cervejas, saquês

Conversas desatinadas

desproporcionais gargalhadas

nem todos felizes, por quê?...

Do lado de fora

uma mulher que chora

com seus filhos, um bebê

Um bem branquinho

talvez, uns quatro aninhos

querendo também comer

Sentados na calçada

numa prece anunciada

seus estômagos a gemer

Lá no restaurante

com seus gastos exorbitantes

ninguém olha pra não ver

Eu rasgado por dentro

de longe percebendo

vou tentando me esconder

dessa realidade

que mata de verdade

Uma mulher, duas crianças

uma delas, um bebê...

Vou me embora cabisbaixo

meu estômago saciado

com vergonha do meu ser!!!

( “ Ame ao teu próximo como a ti mesmo “ – Mt. 22:39 )