Meu Túmulo

Na minha lápide escrevam que nunca cri em Deus da maneira como os outros creram, pois sempre achei que Deus deveria ser algo mais elevado do que os conceitos distorcidos, pessoais e interesseiros do ser humano, e também uma força mais próxima do homem, para lhe entender e ajudar. Epigrafem também que nunca deixei de questionar sua existência, afinal, as perguntas movem o mundo.

Mencionem também no meu assento eterno (até que a terra me devore os restos mortais) que encarava com desconfiança tudo que trazia em seu bojo um conceito puritano e sagrado (amor, família, fraternidade entre amigos, etc), pois para mim nada era tão sagrado que merecesse meu pleno crédito. Cria, mas cria desconfiado, quase não crendo.

Façam constar no meu túmulo que tinha alma de artista: boêmio por natureza, amante da boa musica (em especial do samba e do choro), da beleza feminina, do carnaval e das escolas de sambas (Unidos de Vila Maria, SP) e também da filosofia.

Registrem ali que os meus dias não foram dignos de uma vida triunfal, mas que mesmo assim triunfei ante a vida sofrida e árida que tive...lutei e venci, uma vitória que só eu compreendi totalmente.

Por fim, quando eu me for, anotem nas letras que mencionarão o meu caixão enterrado que renascerei, ainda que tardiamente. Afinal, o que vivi de bom haverá de ter uma segunda rodada, mesmo que a contra gosto do todo-poderoso do universo, pois, sempre fui um tanto rebelde...rebelde o suficiente para decepcionar o velho pai celestial.

Lui Jota
Enviado por Lui Jota em 23/03/2014
Código do texto: T4740111
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