A essência da flor
Entrei no quarto, liguei meu abajur. Um bom vinho para acompanhar meus pensamentos... pena e tinteiro em mãos, o amor de um singelo escrevedor de versos acaba de se exaltar no mundo dos sonhos. A figura de uma formosa menina, que fascina, surgiu e do rosto do poeta fez surgir um sorriso. Acabara de sonhar acordado com aquela flor em forma de mulher. Ela, com seus longos cabelos, rosto arredondado e um sorriso encantador, trazia ao poeta um ar de admiração. Aquela linda flor, um tanto tímida, agraciava os olhos do poeta simplesmente por sua presença e não fazia mais que olhar e sonhar... Olhar e... Sonhar... Sonhar... Acabei adormecendo diante do tinteiro e com minha pena em mãos, partindo para um sono profundo.
Entre goles de um vinho me via a escrever, me via a sonhar, me vinha aquele rostinho, com marcas de timidez e contentamento... Talvez não passasse de admiração, contudo aquela linda flor ficou em minha mente. Fazendo-me pensar, sonhar e escrever. Talvez um descuido meu, talvez uma necessidade minha, amar. Não há quem se acostume com a solidão, nem quem não se contente com um lindo sorriso tímido, um afago das mãos... Com o perfume da flor. Ah, quão doce é a essência da flor! Quão doce é a simplicidade de seu sorriso! Quão apaixonante é seu jeito de ser!
Flor, você não sabe que surgiu essa admiração, muito menos que este poeta pensa na sua figura enquanto a chuva cai no telhado, enquanto me embriago no sonho acordado de um desejo irreal. E quando eu acordar talvez continue sonhando, sentindo seu doce perfume... Talvez ao acordar, queira eu cuidar de perto dessa flor, sentir de perto seu perfume e olhar fixamente nos teus olhos... E ao fim, voltar ao começo e fazer tudo de novo...