A FOTO

A foto queima as mãos, exala o perfume, esquecido pelo tempo, que

persiste em ocupar todo o olfato.

Os minutos vividos in tensamente, agora lentos, deixam tempo para um exame mais detalhado de cada marca. Vestígio ou sinal, que o tempo não consegue apagar.

A foto, agora, tem luzes mais calmas - pois a ação está no passado e o presente só faz reexaminar - poses estáticas e vagas que foram destituídas de movimentos, aconchego e presença tática. Agora, só um papel holográfico acenando emoções. Mas, forte registro de que a felicidade existe. E EXISTIU. Se bipartiu em inúmeras pequenas outras felicidades. Graças à procriação. Houve uma família, que agora lhe sorri nostálgicamente enquadrada e capturada pelo foco de uma incrível invenção, que suplantou todas as revoluções humanas, a Máquina fotográfica. Agente mudo e comparsa da saudade.

anna celia motta
Enviado por anna celia motta em 22/03/2014
Reeditado em 03/08/2014
Código do texto: T4738757
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