MINHA INFÂNCIA

PROSA POÉTICA

LEMBRO-ME DE MINHA INFÂNCIA,E COMEÇO A RECORDAR

DE QUANDO MORAVA NA ROÇA, É COMO SE FOSSE ONTEM

ME LEVANTAVA BEM CEDO, ANTES DO DIA CLAREAR

FAZIA FOGO NO FOGÃO A LENHA E CORRIA BUSCAR ÁGUA NA FONTE

PRA POR NA CHALEIRA PRA ESQUENTAR

. LOGO QUE A CHALEIRA CHIAVA

MEUS PAIS SE LEVANTAVAM

PARA O CHIMARRÃO TOMAR.

EU IA PARA À ESTREBARIA

PARA AS VACAS ORDENHAR.

PICAVA MANDIOCA NA COCHEIRA,

POIS A VACA ERA LIGEIRA

E NÃO DEIXAVA POR A MÃO.

LEMBRO-ME DE UM DIA

QUE A VACA NÃO QUERIA

DEIXAR O LEITE EU TIRAR

ME DAVA CADA RABADA,

E ME DEIXAVA TODA EMBARRADA

EU PEGAVA A VACA PINTADA

E SOLTAVA NA INVERNADA

PARA O BEZERRO MAMAR.

IA PRA CASA CHATEADA

POIS MAMÃE ASSIM GRITAVA

SÓ ESTE LEITE MENINA!

EU DIZIA AI QUE SINA!

A VACA NÃO DEIXOU EU TIRAR.

E ASSIM O TEMPO FOI PASSANDO,

E UM DIA A VACA PINTADA

RESOLVEU ME ENFRENTAR,

COMEÇOU ME DAR CHIFRADAS

E COM AS PATAS NO CHÃO RASPAVA

FAZIA LEVANTAR PÓ.

E EU QUASE DESESPERADA

COMECEI ENTÃO GRITAR,

CORRI PARA TRÁS DO ENGENHO

E COM UM PEDAÇO DE LENHA

BATIA NELA SEM DÓ.

MAS ELA NÃO DESISTIA,

BUFAVA E ME INVESTIA

SENTI QUE NAQUELE DIA

ELA IA MESMO ME MATAR.

FUI PARA CASA CORRENDO

E PRA MINHA MÃE FUI DIZENDO:

PODE VENDER AQUELA MALVADA!

PORQUE COM ELA!

EU NUNCA MAIS QUERO LUTAR

.