Leve-me aos meus joelhos
Leve-me aos meus joelhos.
Desde que o vi algo enfureceu, borbulhas quentes surgiram na lâmina que antigamente, era fria e esquiva. Um ar que ha muito inexistia, um frevo tocado em pleno meio dia, nas ladeiras íngremes da minha vida. E foi mais ou menos assim: as flores abrindo-se apressadamente, uma repentina primavera em pleno inverno.
Janelas sendo escancaradas e as damas do passado usando jeans! enfim...um susto!
Desde que te vi, os antigos bandolins se transformaram em guitarras, as carruagens como mágica viraram! Porsches brilhantes! e tudo simplesmente corre e corre...Como corre meu sangue numa velocidade impressionante de meu peito para meu rosto, sempre que te vejo.
Desde que te vi, os pássaros ouvem rock e até batem os pezinhos nos galhos que hoje mais parecem linhas de caderno de uma música que ainda não decifrei completamente. Os perfumes doces amadeiraram-se! as flores dos lençóis se tornaram mais rubras, e até mesmo a lua anda com um ar mais sensual, não sei, o mundo ficou louco.
E enquanto os mantras viram suspiros, e as estrelas se vestem de cores neon, eu sorrio um sorriso bobo e estupefato, ao ver as cores que espocam ardentes por entre as cores sóbrias, transformando minha paleta num rodopio de frenesi e insensatez. Desde que te vi, é engraçado, mas comecei a me ver outra vez!
Os doces das tardes apimentaram-se, o café virou champanhe! e na alucinada transformação o poema se perdeu do refrão, a rima foi dançar salsa no Japão, os sonetos se separaram! e agora dançam sozinhos em estrofes apenas, nas madrugadas onde as luzes queimam e falam baixinho.
Eu sei lá o que aconteceu! uma bomba atômica no coliseu?! ontem eu cheguei a ver Shakespeare imitando Eric Clapton cantando Layla e rindo de uma bailarina clássica que tentava subir a ladeira da misericórdia em Olinda dando saltos e fazendo ponta!
É, desde que te vi...as coisas estão assim. Meu mundo ruiu, ferveu, as dores aboliu e re-coloriu, uma loucura danada, uma guitarra afiada, e no céu acabo de ver! juro! acabo de ver:
tem um disco voador rondando meu terraço e na janela da frente uma bandeira onde está escrito:
- Calma poetisa, isso é só o amor!
Márcia Poesia de Sá - 2014