Minha Única Sempre Importante Companheira Amada
É demolidora a descoberta de que não posso voltar atras. A certeza de que o único caminho possível é em frente, em direção ao novo, ao desconhecido. Quase sem querer eu me perco nesta névoa de incerteza que confunde, oprime, desconcerta. É como enfrentar um Samurai que conhece todas as minhas fraquezas e golpeia sempre onde mais doí. De que maneira posso lutar em uma batalha que já perdi antes de disputar? De onde tirar forças quando em mim só há desesperança? O melhor abrigo talvez seja no meu interior, devo encontrar meu Ponto de Equilíbrio no âmago da minh'alma, mas não ... Sei que não adianta mais, essa fortaleza também foi subjugada. Porém há de haver uma saída, sempre existe um Céu Azul para olhar por entre os Muros e as Grades, não é? Desta vez parece que não.
Sozinho, eu preciso fugir, correr de toda essa angustia auto-criada que me faz sentir um Forasteiro em uma Terra de Gigantes. Olho pra dentro de mim novamente e não há nada. Então olho pra fora, busco Novos Horizontes e a epifania vem a mim. Só há um refugiu possível, necessito extrapolar meu próprio ser, sair de mim e entregar-me a ela, preciso pedir por sua aceitação. Deixar de lado todo o orgulho e vaidade e me oferecer de Alma Nua, sem técnicas ou ensaios, apenas um apelo e então a espera por um sim, ou talvez, um talvez seja o suficiente para mim. Mas entre o raio do meu pedido e o trovão de sua resposta há um intervalo que parece não acabar, eu faço uma Oração ao Tempo para que ele ande com mais pressa pois só há uma angustia e desespero na espera, a incerteza me corta como espadas e minha mente é um Oceano assomado por Eternas Ondas obscuras... Então eu noto aquele leve sinal de concordância e toda aquela Louca Tempestade se abranda, da grande intempérie resta apenas o Vento no Litoral, do peito cortado de receio a leveza de um Coração Radiante. Tudo isso numa junção de espíritos, em uma Perfeita Simetria.
Afinal não era mesmo dentro de mim o melhor abrigo, era nela que residia a saída, ela é minha Flor de Lis, meu Relicário, minha Sina. Dentro dela, no profundo de seu ser, está minha paz. Assim do meu grito quase suplicante surge seu refrão, minha pausa silenciosa marca toda sua melodia, da união de nosso caos surge a harmonia e enfim nos beijamos. Então nada mais importa, tudo foi resolvido, assim, no tocar dos lábios, no roçar das almas. Nada mais importa, somos apenas nós dois, o mundo é um mero detalhe a nossa volta, um simples pedregulho em nossa rota, Aonde Quer Que Eu Vá somos apenas Eu e Ela.
Pedro Nabuco