Péssima Poesia

Não conseguia sequer beber uma cerveja,

daqueles tipos fracos ‘Radler’ que mal chegavam a dois por cento de álcool.

eu não queria ficar sóbrio naquela noite,

mas meu estômago rejeitava qualquer bebida que eu tentava forçar abaixo.

Teria que me contentar com minha razão inalterada,

durante o resto de noite e madrugada.

Tinha escolhido ficar só, em pleno sábado.

Estava de saco cheio das vozes das outras pessoas,

zumbindo assuntos corriqueiros.

Se lamentando das coisas que tinham e das que não tinham.

Eu estava cansado, pelo menos momentaneamente.

Sempre gostei de pessoas,

sempre gostei de barulho e de ‘conversas fiadas’.

Mas naquela noite em particular o pensamento daquilo tudo me causava irritação.

Do outro lado da tela do computador,

eu ‘ouvia’ as queixas de Lana.

Uma poetisa com quem tinha o hábito de me corresponder.

Perceptivelmente embriagada, Lana, compartilhava comigo sua poesia filosófica,

cheia de perguntas e dúvidas.

O sentimento do momento batia perfeitamente com a musica que eu ouvia.

‘Wish you were here’...

Pink Floyd sempre cai bem nessas situações.

Apesar do meu Spleen e de sua fossa, acredito que eu e Lana, conversaríamos até que o sol estivesse a vista, ou além, como nas situações que eu imaginara entre nós dois.

Eu gostava de pensar sobre ela. De montar um perfil psicológico daquela mulher.

Mesmo não a conhecendo pessoalmente, tendo visto apenas as coisas que me escrevia, eu me sentia compelido a fantasiar sobre ela.

Sentia-me compelido a juntar nossos “Eus Líricos” em uma curta história.

Não necessariamente uma história de amor.

“Há poucas mulheres tão desejáveis

e atraentes a um homem

quanto aquela mulher que ele ainda não teve.

Quando o desejo e a atração não passam de conjecturas.

Pelo menos se você, como eu, for um homem

que gasta tempo a conjecturar

e desejar, mulheres que ainda não teve,

ou que sequer terá um dia.”

definitivamente esse é o pensamento do momento.

Lana esta lá, sabe Deus a quantos quilômetros de mim, embriagada, tão sozinha quanto eu, se lamentando por um amor que não lhe chegou.

E eu aqui, sóbrio, conjecturando

e escrevendo péssima poesia.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 16/03/2014
Reeditado em 16/03/2014
Código do texto: T4730543
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