MÁSCARA SOCIAL

À medida que o tempo passa, me dou conta que, diferentemente do que sempre aconteceu , já não choro tanto diante das decepções com as pessoas, com a vida em geral e até mesmo com cenas e textos comoventes.

Isso parece estar reduzindo as marcas da idade em meu rosto e, portanto, plasticamente me tornei um arquétipo de alguém que exibe estrutura aparentemente inabalável.

Sim; aparentemente! As marcas da idade agora maculam-me o interior, pois que sigo chorando à rodos, mais que nunca, inclusive; porém ninguém percebe e isso “fortalece” a minha máscara social – aquilo que os outros vêem em nós !

Não preciso mais levar óculos escuros para assistir películas recheadas de dramaticidade nos cinemas ou fingir resfriado quando entre amigos, tocado por cena que mexesse com a sensibilidade, para disfarçar e fugir das piadas.

Isso não deveria importar coisa alguma e apenas me fazer refletir à respeito dessa “mudança” e, confessar sentir falta das muitas lágrimas que deixei cair, pois que, via de regra, aliviavam-me as dores e minutos depois me permitia sentir profunda paz.

A reflexão maior, para não me alongar demais é que muita das vezes, embora não tenha sido essa a minha motivação pois que passou a acontecer involuntariamente; deixa claro o quanto a exteriorização de nossas emoções “mexem” com a maneira como o mundo nos trata hoje em dia.

A conclusão é que o “mundo” passou a me considerar mais forte, experiente e até mesmo menos frívolo e, portanto, socialmente mais “normal”, ao passo que, interiormente, a única mudança que aconteceu foi que a falta de lágrimas melhorou a minha percepção quanto ao julgamento que fazem as pessoas, em sua grande maioria e o quanto elas são superficiais e equivocadas em suas análises.

É muito triste; de fazer chorar… o quanto é pobre e incipiente o mundo à nossa volta !

Leandro JP Sousa
Enviado por Leandro JP Sousa em 15/03/2014
Reeditado em 15/03/2014
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