Lembranças de meu pai

O sol sutilmente se esconde
Devorado pelas nuvens sombrias
Que se fecham
E vem o vento a sibilar um longo e lento murmùriio
Nuvens de pàssaros passam docemente
E vão pousando sobre as árvores
Surge a pálida claridade da lua
Que vai banhando  a relva descolorida

Absorta neste pequeno mundo devaneio
Sinto uma melancolia
A amargura suscitada
A mercê  de uma dor inconsolavèl
Na visão desta sena
Sinto a misteriosa presença de meu pai
Êle  que tanto defendeu esta floresta
E aspirou este ar

Aqui ficaram suas marcas
Suas pegadas
Na saudade inexprimivél
Ainda vejo a lamparina acesa
Soltando chamas
A rede armada no alpendre
Tudo tão rústico

Recolho-me
E uma lufada de vento
Assobia pelas janelas entre semi- abertas
A natureza e suas sutilezas
Adormeço e no meu sono
Ouço cantos celestiais
Nesta noite saudosa e fria

 
Maria Socorro Costa
Enviado por Maria Socorro Costa em 10/03/2014
Reeditado em 20/03/2014
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