Plano
Sei que pensa que te esqueci e que nunca me importei.
Mas era exatamente isso o que eu queria. Não era?
Sim, era o que queria.
Sei que pensa que sou fria. Era o que eu queria que pensasse.
Sim, eu queria que pensasse que eu me manteria sozinha.
Queria que pensasse que eu não choraria de madrugada, enquanto você se divertia.
Sei que pensa que nunca te amei, ou a outro.
Que sempre fugi e me escondi do amor.
Mas era isso o que planejei certo?
Foi exatamente esse o meu plano.
Mas se foi o que planejei, por que tudo me parece estranho?
Por que minha vida parece ser de outro alguém?
Alguém estranho a mim e estranho a ti.
Afinal, sei o que pensas de mim.
Pensa que nunca quis me casar e que não gosto de flores.
Pensa também que prefiro uma roda de amigos a um jantar em sua casa.
Ah como pensas mal de mim.
Mas era exatamente isso o que eu queria. Não era?
Não sei mais o que queria. Nem o que quero agora.
Você talvez?
Mas sei que nunca esqueci. E sempre me importei.
Sei que adorei o nosso jantar na sua varanda, olhando a lua.
E que quase chorei quando vi as pétalas no chão do seu quarto.
Sim, eu nunca me manteria sozinha e confesso que já chorei.
Chorei quando disse que a culpa era minha. E era. E é.
Culpa do medo.
Culpa do medo de dar errado.
Culpa do medo de dar certo.
Culpa do medo. Culpa do meu medo. Minha culpa.
Mas era exatamente isso o que eu queria. Não era?
Sim, era o que queria.
Então por que tudo me parece estranho agora que acabou?