Predito desdito
A moléstia é dorida, funesta,
Não graceja nem cá nem lá.
Sua presença, pensionista parasitária,
Se afigura invasora, grileira.
Não creio que alguém se ajeite
Locador compulsório seu,
Mas há de haver ainda
Companhia mais incômoda
Que o próprio malefício em si.
A promessa de sua chegada
Talvez revolva por derradeiro
A placidez que se finge viver
Na esperança quebradiça
De que, no amanhã inescapável,
Seu propósito firme de se achegar
Se perca alhures e, por Deus, me erre.
Até lá, só mesmo a inquietude
Do intermitente ressabiar.