FINALIZANDO...
...hoje quando acordei, tudo por aqui estava envolto em neblina. Mas com o sol, o céu se derrama em partículas de ouro em pó...
Misteriosamente uma cigarra (imaginaria) começou a cantar, grudada ali, na veneziana do meu quarto.
O canto da cigarra me transporta para um outro lugar - um recanto escondido na minha memoria - chamado "infância". E o mesmo acontece com o canto dos anús seguindo os bois pelo pasto, e o canto dos bem te vis pousados no ramo mais alto da "touceira" de bambus, onde eu, me balançando fugia do mundo.
Sempre as frutas - pitangas, melão de são João, Maria preta, seriguela, gabiroba e outras, mas estas, em especial, fazem parte dos sabores da minha memória.
Tudo ali, santificado sabor do doce de leite, de goiaba e marmelo e o cheiro do queijo assando na chapa do fogão à lenha.
Aqueles dias podem ser tão longos quanto a eternidade, mas, o que eu sabia sobre a eternidade?!
E quando o vento soprava forte, anunciando a chuva, eu subia no galho mais alto da minha goiabeira de frutos brancos e me balançava - imaginando voar; e voava mesmo! Voava nas asas dos gaviões e das corujas buraqueiras e depois pousava no lombo de algum boi solitário e pedido em seus pensamentos 'mascando' uma touceira de capim manteiga.
Quando vinha chuva lá do céu, molhando aquela terra e escorrendo pelos veios dos barrancos, expondo as raízes da velha e frondosa Ceboleira, eu me punha a navegar em barcos feitos de papel..
E quando a tarde ia morrendo - os bois 'rezavam' num mugido triste e rouco e tudo ficava mais lento e mais lento até o sol se deitar por detrás dos meus olhos e dormir o mundo dentro dos meus sonhos.
imagem: Antonio Grzybovski
...hoje quando acordei, tudo por aqui estava envolto em neblina. Mas com o sol, o céu se derrama em partículas de ouro em pó...
Misteriosamente uma cigarra (imaginaria) começou a cantar, grudada ali, na veneziana do meu quarto.
O canto da cigarra me transporta para um outro lugar - um recanto escondido na minha memoria - chamado "infância". E o mesmo acontece com o canto dos anús seguindo os bois pelo pasto, e o canto dos bem te vis pousados no ramo mais alto da "touceira" de bambus, onde eu, me balançando fugia do mundo.
Sempre as frutas - pitangas, melão de são João, Maria preta, seriguela, gabiroba e outras, mas estas, em especial, fazem parte dos sabores da minha memória.
Tudo ali, santificado sabor do doce de leite, de goiaba e marmelo e o cheiro do queijo assando na chapa do fogão à lenha.
Aqueles dias podem ser tão longos quanto a eternidade, mas, o que eu sabia sobre a eternidade?!
E quando o vento soprava forte, anunciando a chuva, eu subia no galho mais alto da minha goiabeira de frutos brancos e me balançava - imaginando voar; e voava mesmo! Voava nas asas dos gaviões e das corujas buraqueiras e depois pousava no lombo de algum boi solitário e pedido em seus pensamentos 'mascando' uma touceira de capim manteiga.
Quando vinha chuva lá do céu, molhando aquela terra e escorrendo pelos veios dos barrancos, expondo as raízes da velha e frondosa Ceboleira, eu me punha a navegar em barcos feitos de papel..
E quando a tarde ia morrendo - os bois 'rezavam' num mugido triste e rouco e tudo ficava mais lento e mais lento até o sol se deitar por detrás dos meus olhos e dormir o mundo dentro dos meus sonhos.
imagem: Antonio Grzybovski