Meio Homem

Viveu meia vida aquele meio cara que talvez a olhos comuns parecia inteiro, mas faltava um pedaço, uma parte que talvez ele não tinha, que talvez estivesse com alguém.

Certa vez pediu metade da atenção de algumas pessoas, tinha feito meio poema no meio de uma noite, ao receber a atenção tratou logo de dizer, mãos tremulas, olho no papel, seu hiperativismo dessa vez nada podia fazer, leitura sofrida de meias palavras, pouco texto, talvez uma ideia torta, que quase ninguém acreditava, meio desajeitado gaguejava um pouco, pensava pouco, pra não se perder.

Metade da vida que um dia viveu ele viu diante dos seus olhos, enquanto lia ousou olhar por um instante pra cima, a plateia parecia não acreditar no que estava ouvindo, em meio a olhos brilhando e a choros que provavam que talvez ser assim meio diferente, meio do avesso, meio, não fosse tão ruim, ele continuou, as palavras saiam de dentro dele como se fossem luz, em um mundo que o escuro era natural.

Em meio a sorrisos e palmas no fim, um meio sorriso o chamou atenção, ela que talvez por ser inteira se preencheu de paz, era pra ela aquele meio poema, era pra ela aquelas mãos tremendo, era pra ela aquelas meias verdades, pra ele ela era linda, pra ela ele passou a ocupar um espaço que sobrava no coração, e naquele momento pra ela ele se tornou um.

Paulo Victor Ribeiro
Enviado por Paulo Victor Ribeiro em 02/03/2014
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