Madrugadas frias
Madrugadas frias
Vou guardar minhas asas,
Cansado de voar,
Aterrizo no chão doído da poesia...
Como dói buscar lembranças e voltar a conviver com elas...São tantas!...
Estranho...Só me lembro das ruins...
Tiveram boas, mas as ruins marcaram tanto que dói mais...
Felicidade vai embora feito Albatroz
E o contrário fica à espreita feito cobra venenosa,
Sempre pronta para dar o bote.
Quando pela manhã, abro os olhos, o bote já suspenso no ar, nem me deixa respirar...Levanto...Manco meu Deus, como manco... Não com os meus pés, com os pés de alface no coração...
Existe coisa mais delicada que pés de alface?...
Parecem peitinho de menina se espreguiçando...
Dou gargalhadas dos outros e sorrio de mim mesmo...
Como a gente pode ser tão idiota consigo mesmo...
E ficar num moinho, girando, girando...
Enquanto outros tentam te por de ponta cabeça.
Lembro de Girassóis e Girassóis me lembram os campos na Russia...
E os dias que passei distante de mim...
Estive tão longe que esqueci de me enxergar...
Estive tão perto que ceguei-me ao ver o luar...
Estive em todos os cantos e prostíbulos,
Onde todo tipo de absurdo pode acontecer...
Um erro pode ser fatal... Em tudo!...
E o tudo pode ser o nada vagando infinitamente...
Plantei sementes e colhi raízes tantas...
E o que não aconteceu?..."Invento"!...
Para quê servem as palavras?...
Para alimentar porcos?
Para dar brilho à escuridão?
Ou fazer constelações em nó de estrelas?...
Tudo tem beleza, basta ter olhos para ver...
Ouvidos para sentir as sensações cósmicas do Pequeno-Planeta-Terra...
Vivo no Olimpo!...
Pelas madrugadas frias, passeando pelo Recanto das Letras, encontro pepitas de ouro...Fico suspenso no ar, regurgitando estrelas, vomitando luares, alimentando sonhos, feito garimpeiros em Serra Pelada.
Tony Bahi@.