Olhar.
Me viro e olho em seus olhos. Olho tão profundamente em direção a esses círculos esverdeados com um singelo traço negro ao meio, que me desconcentro de tudo. Ela move a cabeça, perco a ângulo de seu olhar. Volto à realidade, passado o momento da mente em branco. Gostaria que ela me encarasse mais, com mais intensidade, de uma maneira que ambas ficássemos desligadas. Ligadas apenas em nós mesmas. Estáticas, paralisadas no tempo. Feliz ou infelizmente, ela possui outros afazeres. Aprecia uma boa e lenta lambidela em seu pêlo incrivelmente macio. Cansada de ficar deitada, inicia um passeio de longos cinco passos. Então, cansada de andar, se deita no chão, fazendo o barulho do silêncio. Me lança o olhar mais uma vez, e o ciclo recomeça.