Meu cachorro

Olhei para cima. Deparei-me com um pedaço de céu num tom cinzento claro e parte de galhos, folhas e cipós. Escutei um barulho abafado. Abaixei a cabeça. Vi o rosto do cachorro. Boca aberta num sorriso largo cheia de dentes brancos, a língua vermelha pendendo do lado direito, a respiração calma.

Aquela carinha daquele enorme cachorro pedia carinho. Coloquei uma das minhas mãos sobre a cabeça dele. Afaguei-o por alguns instantes e então, voltei meus olhos para aquele pedaço de céu entre árvore. Havia algo ali que me chamava a atenção. O quê? Não sei.

Então, de novo aquele barulho. De novo ele. Não estava satisfeito. Queria mais que um singelo carinho na cabeça. Levantou e ficou de pé apoiado em suas duas patas traseiras. As duas patas da frente no ar, meio imóveis, mexiam pouco. Encarei ele nos olhos enquanto pensava: "já sei exatamente o que você quer." Olhei para aquelas patas sujas e para a minha roupa limpa.

Lembrei de uma vez que fui para aula com a calça marcada de patas, pois já estava atrasada. Fui batendo naquelas marcas para amenizar um pouco as manchas de terra.

De volta a realidade, olhei para o cachorro de pé na minha frente querendo abraço. Isso mesmo! Ele estava querendo e pedindo por um abraço. Então, sem mais enrolação, dei o abraço que ele tanto queria.

Quando me deparo com situações assim, inevitavelmente sempre penso: prefiro os animais às pessoas.

Patrícia Sousa
Enviado por Patrícia Sousa em 27/02/2014
Reeditado em 19/06/2014
Código do texto: T4709366
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