De Bar em Bar
Ébrio de amor um homem anda de bar em bar filosofando sobre a justiça dos olhos, afinal, "não é justo desejar o que se olha quando o corpo não pode possuir o que se vê", presume o homem amargurado.
Num ganido desesperado de sua alma, o homem, cai ao chão, retrucando com Deus, com o Diabo, com a natureza e com o vazio, pois imagina estar sofrendo com um revide rasteiro por não merecer o desprezo de quem tanto ama.
Assim, entregue a desilusão, uma efígie vem a sua mente, uma imagem já desbotada pelo tempo...é o retrato de uma senhorita que ficou nas vielas da vida a verter lágrimas por aquele que agora dorme na sarjeta.
Que ironia, "o amor que dá vida é o mesmo que a mata", boceja o homem desiludido, sob o teto do luar, em mais uma noite em que a poeira das calçadas será o seu lençol.