Apenado
Um apenado vive á espera da pena cumprir
Como se o tempo não fosse capaz das noites medir
Não dorme por medo de um dia acordar
E descobrir que a tal liberdade cansou de esperar,
Acredita vencer a distância do mar
Em ilha insólita, distante do mal
Ele até se compraz em viver da seiva do sal
Não furta, nem deseja as virtudes de alguém
Seu corpo esquálido, seus olhos profundos
Sofrer é comum, visão do inferno,
Do topo do mundo chegou um tropel
São almas penadas, que já se livraram
Das algemas do céu.
Confuso se encontra, mas isso é melhor,
Saber que não vive entre as confusões
Que aprisionam os homens pelos corações.
Ser livre não basta para quem quer viver
A vida só é vida, para quem quer sofrer.
Evan do Carmo. Brasília 13/01/2007