GRÃOS DE AREIA
Olhando a vastidão de areias na praia, fiquei imaginando quantos milhões de grãos a compõem. Impossível contar.
Apanhei um punhado na mão e deixei que escorresse suavemente entre os dedos. Espetáculo sutil mas contagiante.
Depois fechei a mão e aprisionei o restante e fiquei imaginando que era assim a vida. Abrí a mão e num sopro, deixei-a voltar ao seu lugar de origem: o chão.
Na minha mão nada ficou e então mais uma vez comparei com a vida:
se esvai se dela não cuidarmos, e se vai em apenas um sopro, ao nosso menor descuido.
A areia, separada grão a grão, não é nada. No entanto forma essa vastidão sempre renovada pelo mar que a leva e depois a traz de volta.
Será que nossa vida também é assim?
Renovada a cada dia pelo nosso viver, se mostra o bem mais precioso que temos e, juntada às muitas outras vidas, se torna essa vastidão, não de grãos, mas de pessoas. Gente que se conhece, se ama, se busca, se encontra e se desencontra tantas vezes.
São fugidios os momentos da vida. Principalmente os bons. A vida, transitória que é, nos transporta sempre. Choramos, rimos, ficamos felizes, infelizes, aprendemos tanta coisa, esquecemos depois outras e, ao final, vamos deixando nossas marcas, boas ou ruins.
Nem sempre conseguimos nossos objetivos, mas tentamos.
Ao longo do todo, chegamos à reta final e nos mudamos para outra dimensão. E lá, por certo buscaremos outras areias, grãos levados por tantos mares afins...