"DESCANSAR APETECIDO"
Porquê não?
Ao menos em sonho,
Em desejo, uno, secreto
e no entanto, doce, áspero, candente.
Surpreendo-me assim:
nuns espalmados de sombra, de luz
e corredeiras. Vou à fonte
para te beber inteira,
e me comoves com tua sorte,
a minha, arrependida, tênue, se te toco
amantíssimo, cheio de sede.
Dá-me raízes
para plantá-las em teus seios,
uma boca faminta
para tua nudez
e que eu te encontre sempre
sem medo, terna, companheira.
Tal num cacho de uvas,
ou de orquídeas,
num roçado de espinheiros.
Esqueço-me de mim, de ti,
e vou contigo em desvario.
Teu nome? Esqueci-me.
Eu, o que segue sempre com fome,
no limite do movediço, onde voas
e irei descansar apetecido.