"Além do que se vê..."
"Os olhos não mentem, mesmo quando nossas bocas desperdiçam palavras inúteis ao invés de se tocarem. Os olhos se encaram, se reparam, neles se encondem os detalhes que a boca recua ao dizer; neles se encontram as tais juras secretas.
E tão difícil quanto enxergar o outro, é enxergar a si mesmo. Ver nas suas próprias entrelinhas seus defeitos, pois, a perfeição é uma utopia sem remédio; e nossas qualidades, enxergamos até de olhos fechados mas, rezando para que outros as vejam tanto quanto nós as vemos.
São em olhares assim que se encontram a vaidade. Pobre de quem não enxerga além do próprio universo.
Entretanto, quando enxergamos outros universos, outras realidades e uma dessas realidades nos toca é como ver com uma capacidade que ainda não tinha sido pré vista.
Os olhos não mentem, porém, isso não significa que não se enganem. Alguns sempre vidrados, outros sempre dispersos, inertes ou vivos, não importa suas diferenças, todos se enganam algum dia. Enxergam além do real, do correto.
Olhos que amam, olhos famintos, sedentos por outros olhos.
Olhos perdidos, olhos sem vida, olhos sem perspectivas anseiam por outros olhos.
Olhos intensos, profundos, viajantes precisam de outros olhos.
Mas, o fim é certo; todos os olhos se enganam ao se encararem e não se notarem; se reparam mas, não se guardam.
Olhos que comem fotografias, olhos que mostram a janela da alma, olhos de cigana obliqua e dissimulada, olhos que vibram ao te ver ...
Olhos que não nos veem mais..."