O câncer mental da humanidade

Falávamos de justiça. Eu queria direitos iguais. Teorias eram pensadas por dias a fio, não existia uma solução para aquilo tudo, essa era a conclusão a que chegávamos toda vez que tocávamos naquele assunto.

Até que famigerada injustiça veio sobre mim, não era mais algo distante, ou um peso que dividíamos, eu e todo resto da sociedade. Sozinha eu carregava o fardo da hipocrisia sobre as costas. Com uma fala patética, ela argumentava cheia de razão mentiras e mais mentiras.

Sem a mínima paciência para aquele retrato asqueroso da sociedade pacífica e moralista diante da realidade. Eu dizia mentalmente: coitada. Poderia sim, ter soltado o verbo, alterado a voz e falado, ou melhor, vomitado, as palavras presas na minha garganta. Mas, não quis perder meu tempo.

Eu olhava para aquela formadora de opinião e pensava: é este tipo de pessoa que constrói os monstros que compõe a humanidade. Tem gente que afirma que o problema está na educação, outros colocam a culpa na criação, alguns dividem a culpa e a maioria ignora tudo e segue a vida.

Eu digo: a doença é crônica! Contagiou a todos e não tem cura. Serei obrigada a conviver com estes sintomas, mesmo lutando contra eles, como nosso corpo luta contra um vírus. Estou condicionada a conviver com os contagiados que já atingiram níveis mais avançados e ainda assim, convivem bem com a enfermidade.

Ainda indignada com a situação, tornei-me objeto de minha própria análise. Vi que não era completamente justa ou correta. No fim de tudo, meu sonho era uma utopia que nem eu mesma era capaz de viver. Minha crítica era tão vazia e hipócrita quanto o aquele discurso asqueroso.