Pedra

Desde que nos conhecemos sempre fui para você uma pedra. Não uma simples pedra, talvez uma gema preciosa, pois você nunca quis deixar-me. Se tivesse sido como uma flor, ou uma borboleta teria sido fácil para você dobrar, amassar, reduzir a pó, mas sendo uma pedra isso tornou-se impossível. Talvez o seu sentimento tivesse sido o de conseguir dominar e tentar de todas as formas dinamitar minhas forças, mas, meu caro, seus esforços foram em vão. Agora, depois de muitos anos, de muito observar a vida, pergunto-me: por que fui sempre uma pedra? Talvez devesse ter sido a borboleta de cores exuberantes, ou a flor delicada de doce perfume, mas não, aqui estou eu sólida, de brilho difuso, às vezes opaco, mas sempre resistindo... Por que sou pedra?