Acuso-te
Acuso-te de não ser mais a moça humilde e tímida que eras outrora
De não cuidar da casa, dos filhos, da roupa
Acuso-te de converter toda graça da convivência antiga
Nessa desgraça dos dias atuais
Acuso-te de não corresponder meu amor
De não querer estar perto de mim
Acuso-te de toda minha infelicidade
E até das dores da idade
Acuso-te por ser o que és
Por querer a companhia dos livros e das musicas
Acuso-te por não ser o que quero
E até por ser o que penso que és
Acuso-te de ser uma bagunça
De ser feita de contradições
Acuso-te pelos erros do ano passado
E até por aqueles que julgo que iras cometer
E em meio a tantas acusações lá está ela
Envolta em silencio
Consegue enxerga-la?
Claro que não
Você nunca a viu
Perdeu tanto tempo pensando em si mesmo
Dizia estar fazendo por ela, porem o que ela pedia era tão pouco
Mas você com seus sonhos tão grandes não podia corresponder ao pouco que ela pedia
Nessa época você ainda não a acusava
Não, não mesmo.
Sua preocupação era cercear qualquer indicio de voo
Não queria que ninguém visse o que estava aprisionado nela
Aquilo que na vida intima podia desfrutar, não podia se revelar ao outro
Sabia que dentro dela existia um ímpeto de vida
Pois era dele que bebia sempre para ultrapassar as dificuldades da vida
Mas e ela?
Ela testemunhava suas vitorias e ficava feliz
Esperava que um dia os seu coração comungasse dos sonhos dela
Contudo, um dia a gente cansa de esperar
Cansa da prisão viciosa que é o dar sem nada receber
Ela decidiu ser forte
E pediu a Deus que a esforça-se
E Ele o fez
Deu a ela ousadia de correr atrás do sonho
E agora você consegue a ver?
Sim é aquela alçando voo é a mesma que outrora estava presa
E subiu tão alto que ele tem medo de a perder
E por isso a acusa
Mas ele esquece que um dia a gente cansa.
14/02/2014