A ansiedade
Fecho os olhos.
Aqui sozinha imagino seu olhar.
Imagino você inteiro aqui comigo.
Ainda estamos longe.
É quase perfeito. Calmo e silencioso, só nós dois juntos sem nenhuma preocupação ou ansiedade. Existe apenas o "nós" e isso me basta.
Abro os olhos.
Só vejo as paredes do meu quarto. Vazio.
A música que me mandou ainda toca ao fundo. Mas você não está aqui.
Tento voltar a fechar os olhos e imaginar. É o que me resta agora.
Não consigo mais. Te perco em meus pensamentos e isso me angustia.
O telefone toca.
Fecho os olhos por um segundo e rezo. Rezo para que seja a sua voz do outro lado.
-Alô?
Abro os olhos rápido.
Sim, é você. E me conta sem eu nem perguntar sobre seu dia.
Não saio de meus "hum" e "ah", não quero atrapalhar essa voz do outro lado do telefone.
- Não sei, queria te ver. O que acha?
Suspiro por dentro. Sim, sim, sim.
- Acho ótimo.
- Quando posso ir ai?
- Não sei. Talvez...
Ouso um suspiro fraco.
- Agora?
- Sim.
Desligo o telefone. E volto a fechar os olhos, agora não para imaginar.
Mas para sentir a ansiedade crescente dentro de mim.
Gosto disso, dessa ansiedade.
Ela me deixa feliz.