A ansiedade

Fecho os olhos.

Aqui sozinha imagino seu olhar.

Imagino você inteiro aqui comigo.

Ainda estamos longe.

É quase perfeito. Calmo e silencioso, só nós dois juntos sem nenhuma preocupação ou ansiedade. Existe apenas o "nós" e isso me basta.

Abro os olhos.

Só vejo as paredes do meu quarto. Vazio.

A música que me mandou ainda toca ao fundo. Mas você não está aqui.

Tento voltar a fechar os olhos e imaginar. É o que me resta agora.

Não consigo mais. Te perco em meus pensamentos e isso me angustia.

O telefone toca.

Fecho os olhos por um segundo e rezo. Rezo para que seja a sua voz do outro lado.

-Alô?

Abro os olhos rápido.

Sim, é você. E me conta sem eu nem perguntar sobre seu dia.

Não saio de meus "hum" e "ah", não quero atrapalhar essa voz do outro lado do telefone.

- Não sei, queria te ver. O que acha?

Suspiro por dentro. Sim, sim, sim.

- Acho ótimo.

- Quando posso ir ai?

- Não sei. Talvez...

Ouso um suspiro fraco.

- Agora?

- Sim.

Desligo o telefone. E volto a fechar os olhos, agora não para imaginar.

Mas para sentir a ansiedade crescente dentro de mim.

Gosto disso, dessa ansiedade.

Ela me deixa feliz.

Lethicia Cristóvão
Enviado por Lethicia Cristóvão em 08/02/2014
Reeditado em 08/02/2014
Código do texto: T4682472
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