Nostalgia
A foto pousa em minhas retinas. Escuto todas aquelas cores, o som de todos aqueles semblantes, e me surpreendo sentindo o cheiro daqueles dias alaranjados.
Aqueles olhares, descubro, ainda ardem em mim. E mãos e abraços fizeram marcas que até hoje são vistas, e beijos e adeuses pairam sob a pele num zumbido infernal.
A foto pousa em minhas retinas. Subitamente escorrega, treme. Se faz em ondas, em confusão difusa. Algo salta da imagem, um rebento rebelde se precipitando e coçando o que ia tão seco e resolvido.
Nos ouvidos, que se faziam torpes, surpreendo saltos de uma dança, todas essas perninhas provocando e querendo um porquê.
A foto pousa em minhas retinas. E coisas que deveriam evaporar subitamente porejam por toda essa vida. Me surpreendo, me perco, me racionalizo. Me digo que é só a cerveja e nada mais.