NOSSO CIRCO

A primeira vez eu te vi foi...num bar!

Olhos chocados se cruzaram,

Chamaste-me: - "Vem cá!"

Coração apressadinho disse:

- "Eu vou!"

Mente velha conselheira disse:

- "Não vá..."

Mas o coração quando bate alto

Não ouve a razão

E quando pediste a chave dele de supetão,

A mente perdeu a senha do cadeado

Revirou os olhinhos lamentando:

-"Ah, o circo está armado!"

Assim, por muitos e muitos anos

Nosso circo mambembe viajou

Pelos quatro cantos da ilusão

Perdido no tempo e nas brumas da imensidão.

Agora, a carroça se quebrou ,

A lona velha, rôta, suja se rasgou

O trapézio despencou com a mulher gorda barbada

Que caiu bem em cima da bela bailarina tatuada

Ela! Que pulava alegremente nos corcéis desembestados

Destruindo o picadeiro, pisoteando palhaços abestalhados

E a malabarista, coitada, rodopiava tentando em vão não quebrar os pratinhos!

Disparou o coração da plateia estarrecida:

Olhando paralisada, atônita e boquiaberta

O leão escapar da jaula

E devorar o mestre de cerimônias

Que açoitava o elefante com o prazer do chicote.

E aí?

Nada restou deste circo.

Nada que valha a pena ser lembrado

contado, escrito ou entoado

Pois a cúpula de um circo só pode ser hasteada

Quando toda a estrutura estiver realmente armada.

Franz Znarf
Enviado por Franz Znarf em 07/02/2014
Código do texto: T4682401
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