A beleza do amanhecer

Entro no ônibus, abro a janela e o motorista dá partida. O vento beijou levemente meu rosto, fechei meus olhos e sua imagem surgiu em minha mente. Um tímido olhar lancei (ainda em pensamento) em sua direção e quis dizer com os olhos o quanto sua beleza me encanta. Outrora talvez, mas era apenas um pensamento. A cigarra grita me fazendo lembrar que meu destino estava perto. Logo me levantei deixando naquela janela, naquele assento ficara eternizado um pensamento.

Desembarquei. Pus o fone no ouvido e lancei uma música. Seria em vão dizer que me lembrou daquela morena linda, da pele cor de jambo, dos olhos tímidos e de voz firme, afinal nessa altura dos fatos (sentimentos), tudo me fazia lembrar dela. Aquela música ecoando na minha mente foi o estopim para que começasse a explodir uma gama de pensamentos voltados à ela. Um tanto quanto tímida, mas com uma forma decidida, que não se é comum ver por aí. Cheguei em casa, já era noite, acendi as luzes, liguei o chuveiro. Nada melhor que um bom banho pra esfriar a cabeça, contudo havia me esquecido que embaixo do chuveiro é um dos melhores lugares de se pensar, conclusão: meus pensamentos (e sentimentos) sendo regados por águas que tinham o misterioso poder de me levar ao lado dela, num lugar deslumbrante.

[…]

Já amanhecia quando me dei conta que passei a noite com ela, estávamos vendo o amanhecer da ponta das pedras, no alto de uma cachoeira linda. O sol despontava de entre as árvores que ali haviam, fazia um contraste lindo com as nuvens. Uma delas tinha o formato de um cisne, como se ele beijasse a imensidão azul do céu. Ao lado dela eu cantava (mesmo que desafinado) a música que sempre me faz lembrá-la. Ela me olhava como se não acreditasse naquele momento e surpreendendo-me, me abraçou forte. Fechou os olhos e pediu que não soltasse nunca mais. Um abraço forte que alívio trouxe para ela e para mim. Resolvemos andar por entre as trilhas que levavam até a cachoeira, eu havia preparado uma surpresa para ela em uma dessas trilhas…

ouvimos o gorjeio de pássaros por entre as árvores, eram canários e um deles pousou numa pedra à nossa frente. Paramos, ficamos a olhar aquela criaturinha que agia como se quisesse nos dizer algo. Voltei meu pensamento à surpresa, afinal estávamos bem próximos dela. Aquele canário ficou ali e quando se deu conta que não conseguia nos dizer o que acontecia voou. Notei que ele havia pousado na árvore na qual a surpresa tinha ficado. Eu havia deixado uma fita de cetim vermelha nessa árvore, na ponta dessa fita um envelope contendo uma declaração e um anel simbólico. Surpreendentemente, ao chegar mais próximo dessa árvore o canário trouxe no bico a fita deixando cair sobre nós a fita, com o envelope caindo nas mãos dela. Ela suspirou, e quis saber como eu havia adestrado um canário para que fizesse isso, e eu respondi não ter planejado isso. Ela se encantou com a declaração e novamente me abraçou. Deu-me um beijo e, eternizando esse momento voltamos às pedras.

Pior mesmo foi acordar no meio da noite e perceber que era só um sonho. Pior foi notar que a noite se ia e que não veria aquela que sonhei tão cedo. Não poder abraçar, beijar... Diante de um sonho como tal, não se faz questão de viver a realidade, a menos que essa morena se faça presente, num sonho real, a vida. Ah, morena, seu abraço… Seus olhos…

Eduardo Costa (Apresentador)
Enviado por Eduardo Costa (Apresentador) em 06/02/2014
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