Um sonhador

Certa vez de vinha viagem

Em meu carro possante

Quando na estrada encontrei

com um viajante

parei o carro perguntei pra onde ia

ele respondeu,

pra onde o senhor for

já me faz valia.

No caminho foi me dizendo

que não tinha destino,

que saiu de casa quando ainda era menino.

Não foi por sua vontade

E sim pela necessidade

que fez o garoto perder a infância

indo direto para mocidade.

Seus pais muito pobres

não tinham como comprar

nem ao menos um brinquedo,

pro menino no terreiro poder brincar.

Vendo aquela precisão

Em que a família passava,

Decidiu que do mundo

Iria fazer morada.

Pediu a benção ao pai

o velho o abençoou,

e em sua mãe foi enxugar

as lagrimas que ela derramou.

A mãe vendo o filho ir embora

disse da janela: vá com Deus

e a proteção de nossa senhora,

que ela te proteja desse mundo cruel

que você volte antes deu ir morar no céu.

Saiu em disparado por aquelas terras sozinho

Que nem pássaro que bate assa

Ao deixar para sempre seu ninho.

Não levou muita coisa em seu bizaco velho

uma pareia de roupa e outro par de chinelos,

E pra se alimentar o que levava na marmita

Uma banda de preá e três rolinhas fritas.

Pra matar a sede a agua na cabaça

Com medo de picada de cobra

ainda levou cachaça,

que era um remédio curador

assim dizia seu avó

que quando moço foi picado,

por uma cobra de veado

e que de tanta dor,

tomou um porre desgraçado

por conta do mocotó inchado.

Saiu andando por aquele sertão

cruzando vale, açude e riachão,

a noite era o que mais preocupava

pois quando ninguém o oferecia morada

ele forrava o chão e por ali mesmo deitava.

O tempo foi passando e ele cada vez mais preparado

Conseguiu um emprego pra cuidar de um roçado,

Foi ali que a vida teve uma melhora

Muito diferente de tempos de outrora.

Chegava da lida com a cara sofrida muito cansado

Mas só de saber que estava empregado,

O cansaço ia embora feito burro desembestado.

A fazenda era uma riqueza tinha de tudo um pouco

curral, galinheiro, chiqueiro de porco ,

e umas plantações de caju, manga e côco.

no roçado só amentava a produção

de milho, verde macaxeira e feijão.

Para ele além d trabalho era um passatempo

mas não esquecia de jeito nenhum seu juramento,

antes de dormir ajoelhava e rezava

as orações que sua mãe ensinava,

e com o coração cheio de saudade

não aguentava e chorava.

Certo dia ele chegou para o patrão

e disse: tô indo embora vim pedir sua permissão,

o patrão sem entender a decisão de seu empregado

pediu que ele contasse pois estava preocupado.

O rapaz disse que tinha uma missão a cumprir

e por esse motivo iria sair dali.

O fazendeiro mais aliviado

Pagou-lhe as contas e deu mais uns trocados,

Perguntou se ele não queria ficar

lhe dava uma casa eu uma terra pra plantar

e a autorização pra família ele ir buscar.

O matuto em um Tom mau educado veio a ele falar

que iria sair pelo mundo ali não era seu lugar

e que ali ele não iria mais ficar.

O patrão chateado o mandou juntar

Tudo que ele tinha pra mode ele sair de lá

e pra suas terras ele nunca mais voltar,

juntou suas coisas e saiu em disparada

não via a hora de novamente pegar a estrada.

Passaria novamente por batalha sofrida

isso em busca da terra prometida ,

mas de uma coisa o caboclo não esperava

era que a sorte com ele não mais andava ,

e as portas em vez de se abrirem só se fechavam.

.

Não conseguia mais trabalho

Tinha acabado seu trocado,

Já estava aperreado por não estar mais ocupado

e agora não tinha esperança e nem solução,

ou voltava pra sua terra de criança

ou ia falar com seu ex patrão.

Mais se lembrou das palavras do fazendeiro

e resolveu de que aquelas terras não seria seu paradeiro,

ele viu que seu destino estava traçado

mais não admitia não queria ser derrotado.

Por um instante olhei de lado,

Ele se benzia retirava o chapéu e me dizia:

Minha mãe acho que tá no céu.

Aquela resposta era incerta

Nem ao menos ele sabia ,

se sua mãe estava morta ou se ainda vivia

e por um instante nada mais me dizia.

E rompendo aquele silencio me restou falar

que tinha chegado em minha cidade

onde ele iria ficar,

pode ser aqui vou pra outro lugar

eu não tenho paradeiro vou continuar a viajar,

obrigado pela carona Deus te pague esse favor

essa é minha história

a história de um sonhador.

Ualisson de Assis
Enviado por Ualisson de Assis em 04/02/2014
Código do texto: T4677779
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