...E quando descobrirem que sou uma farsa poética?
Porque na verdade, os versos só nasciam após o seu ósculo roubado e abraço amarrotado?
Os vultos imortais irão ao encalço da minha biografia, vasculhar as minutas, as frases soltas nos guardanapos tal qual na época da Gestapo. Vão constatar facilmente que sou uma farsa ímpar sem sua presença pulsante em mim.
Provável que queimem com o olhar todos meus rabiscos tal qual na inquisição, no afã de corrigir o erro do compromisso atado.
E quando os consagrados perceberem que não produzi mais nada, que apenas delineio seu rosto no filigrana dos espaços poéticos, numa mensagem subliminar?
Eles vão nos reconhecer no abstrato, no entremeio, na fímbria de cada desabafo nestas cartas sem destinatário.
E quando descobrirem que fomos um
fracasso e que nosso caso foi arquivado, após sua longa inadimplência?
E quando...