Dia sem Oceano (Vida sem Cazuza)

Sentindo no peito o sal da maré; revolto sol na desmerecida manhã

Perde maravilhosa urbe, sua dádiva maior,

Holocausto e inconformismo a todos tomaram, sugadores de essência;

Aos muitos, o colarinho sem beca e, interinamente, o sonho pausou pelos instantes cáusticos da ausência;

Nenhum mal se fez graduado, nenhuma ira se ressequiu por inteiro; nem as nuvens que ali espiavam, abocaram seus babadores de violetas flores.

Murcharam na tarde infernal, escovas de madeixas e tatuagens, gosto pelos olores; em suma, garrafa vazia (e aquele cheiro ensurdecedor de poeira e mofo a engalanar a memória);

Quantos séculos a se erguer nova alegria? Quantas vidas a compensar plena e inexorável morte, de tão reles sorte?

Na boléia do palco, pelas avenidas, bares e jardins, senesceu a flor do caju, ao marulhar da lagoa;

Teus ventos soaram notas marcantes, geniosa genialidade pulsante;

Tua garganta - passagem sem fruto - escoltou melodias, senhoras doutoras do peito vibrante e impoluto;

Ficamos sem luto!

À magia daqueles dentes expostos, de seus lenços e coisas, expomos as nossas, como marcas brotadas de dentro, como febre a exalar pelos poros, como traços entre laços da vida ferina e eterna;

Perdoe-me mestre Agenor, por minha mais displicente e teimosa maneira de te contrariar:

Impossível não te seguir

Indescritível te achar!

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 28/04/2007
Reeditado em 30/04/2007
Código do texto: T467720
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.