Paixões Angulosas
Jorge Luiz da Silva Alves
Uma paixão de contornos angulosos, espetadiços, sem eira nem beira e bem distante da românica carnadura renascentista; ao invés de Bernini e Prosérpina, é Picasso e Dora, visceralmente cubista e de fortes tons de periferia, cheiro de cachaça, o acre odor do proletariado que impregna o muquifo onde sobrevivem durante a esfregação entre o túrgido e o pétreo, macho e fêmea da subespécie desumana que está ali - segundo a visão burguesa da arte e do sentimento - para fabricar produtores e não pensadores... Uma paixão angulosa, que espeta nossa curvolínea humanidade antisséptica, cheia de frescura e viadagem, que aceita beijo gay na tevê mas tem horror em saber que seus herdeiros rosáceos esfregam suas amizades muito mais sinceras num bar do Baixo Méier sábado à noite...Uma paixão, de contornos angulosos, cubista-de-periferia, fedendo à cachaça e à verdade será sempre mais aceitável do que quaisquer daquelas dos folhetins platinados, formatados para mudar tudo a fim de que não se mude - em verdade – nada...
(Imagem: fotomontagem das obras de Virgínia Palomeque [esq] e Lesja Chernish [dir] )
http://www.jorgeluiz.prosaeverso.net
Jorge Luiz da Silva Alves
Uma paixão de contornos angulosos, espetadiços, sem eira nem beira e bem distante da românica carnadura renascentista; ao invés de Bernini e Prosérpina, é Picasso e Dora, visceralmente cubista e de fortes tons de periferia, cheiro de cachaça, o acre odor do proletariado que impregna o muquifo onde sobrevivem durante a esfregação entre o túrgido e o pétreo, macho e fêmea da subespécie desumana que está ali - segundo a visão burguesa da arte e do sentimento - para fabricar produtores e não pensadores... Uma paixão angulosa, que espeta nossa curvolínea humanidade antisséptica, cheia de frescura e viadagem, que aceita beijo gay na tevê mas tem horror em saber que seus herdeiros rosáceos esfregam suas amizades muito mais sinceras num bar do Baixo Méier sábado à noite...Uma paixão, de contornos angulosos, cubista-de-periferia, fedendo à cachaça e à verdade será sempre mais aceitável do que quaisquer daquelas dos folhetins platinados, formatados para mudar tudo a fim de que não se mude - em verdade – nada...
(Imagem: fotomontagem das obras de Virgínia Palomeque [esq] e Lesja Chernish [dir] )
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