É natureza

É natureza...

Sim, havia sol nos teus olhos e eu em ternas primaveras

me preparava para florir como fazem os campos ...

a vida crepitava como rio que não esbarra em pedras

nem revolve as suas areias ao deslizar no leito

o tempo não fazia nuvens e nós éramos ar e pássaro

a riscar momentos em vôos no céu das nossas almas.

Os nossos dois corpos nada exigiam além do desejo

que brotava como sementes a prenunciar girassóis

e como nos enganar se a luz contida venceu a escuridão

se haviam palavras em nossas bocas e sede nas gêmeas almas

se a tua presença continha toda a minha saudade

e o não te ver pedia em mim sempre o que eu mais queria !...

De que modo conter a fúria de tempestades de verão,

os brutos sentimentos soltos qual potros selvagens

e o que fazer da densa névoa a nos cobrir como lençóis

ou das flores e relva que nos colheram afinal ?

Qual o lapidar de diamantes cada dia foi cortando

fazendo de valiosas gemas onde pedras existiam;

a tecer o açoite dos ventos desaguamos profundos lagos

e nos enraizamos como álamos iniciando novos caminhos ...

dalila balekjian

dalila balekjian
Enviado por dalila balekjian em 28/04/2007
Código do texto: T467371