O TEMPO DE CADA UM
Já é sábado
E o tempo se deixa vencer pela sobriedade das nuvens
O sol, posto de lado,
Aguarda o instante de tostar o asfalto
Já é sábado
E a véspera não foi das melhores
Uma lágrima cor de nuvem
Ficou presa na garganta
Amor?
Onde? Em qual lugar puseste a senha?
Os dias seguem entre sol e chuva
Dias claros e escuros... E nada mais parece me inquietar
Já é sábado
O tempo não custou a passar
Minha manhã de névoa embotada
Persegue solenemente a tristeza que guardo
Perdi dias demais em troca de nada
Dei demais de mim a quem não deveria
Pensei que se sonhasse com o quase perfeito
Um dia, quem sabe, a perfeição seria fato.
Nada há de perfeito agora,
Ao menos nas coisas que vejo
Deve haver um monte de bebês sentido a dor do primeiro ar
Gente de toda sorte pensando estar em face ao amor de verdade
E já é sábado
E nada disso faz sentido
Um grito distante
Um pedido de ajuda
Uma metamorfose que não se cumpre
Uma borboleta que não rompe o casulo... E morre!
Simplesmente porque é sábado
E os beijos abarrotados de amor
Jazem trancafiados nas páginas do livro mofado
Lido e relido como alento
Para evitar, quiçá, as nuvens do esquecimento.