Memórias de um Flash
Eu não queria, não tinha nada a dizer
Mas não era eu que segurava a caneta
Era ela que me segurava,
Se guardava na minha mão, nos meus dedos.
Com vida própria
Saía a derramado-se em meus papéis,
Eu não havia lhe dado intimidade para tal
Mas não me foi pedida permissão
Era um revólver, apontado para minha cabeça,
E atirou-se, estourou-me
E me espalhou em suas letras
Tudo que ali eu escondera,
Atravessando minhas memórias, minhas saudades
Tudo revelado, tudo num retrato, sem ser emoldurado,
Por conta de não caber no espaço
De apenas um pedaço
Que é o meu corpo vão...
E nunca se retratou, nem com toda a cor
Todo o sentimento, que de preto e branco
Se declarou em todos os tons
Derramando o retrato do meu ser,
Meu viver... meu você, revelado.