= Andarilho =
Apruma-se para seguir viagem.
Mais uma entre tantas.
Sem rumo, sem destino, sem volta.
Às costas uma velha e surrada mochila,
grande até demais para os poucos
pertences que leva.
O que lhe pesa mais leva no peito...
A saudade de sua Maria precocemente
falecida e a dor da falta que ela lhe faz.
Caminha triste, sem olhar para trás.
Olhar lhe doeria muito mais.
Nas mãos um tosco ramo seco lhe
serve de cajado, supostamente suficiente
para protegê-lo dos perigos dos caminhos.
Ao lado, segue seu cão, fiel companheiro já
debilitado pelo longo dos anos.
Único amigo, de todas as horas.
Amargas horas.
= Roberto Coradini {bp} =
01//01//2014