DEVANEIOS CONSCIENTES

O corpo estava confuso.

Não sabia ao certo oque estava acontecendo.

Durante anos de profunda condição emocional, onde tudo que se movia: células, tecido muscular, ossos, sangue... Tudo, só era realizado através das ordens de uma das partes mais delirantes do conjunto. O coração. Ninguém sabia o porquê daquela posse do coração, porém qualquer ordem era obedecida fielmente. Ordens concebidas através de devaneios que influenciavam cada membro do conjunto a ações que levavam a produção de vários hormônios deliciosos, mas também é claro, consequências com toda sorte de prejuízos.

Entretanto, depois de tantas e tantas ações que acabavam com o corpo, tantas decisões sonhadoras, com perspectivas de sonhos e desejos realizados, o corpo não era mais movido pela emoção dos desejos do coração. E como era de se esperar, o sistema entrou em choque. Como? Quem? Onde? Quando?

Depois de anos sendo liderados por um membro essencial, de repente, ele já não quer mais a frente.

A razão é que toma conta. O cérebro e a consciência passam a agir e influenciar o corpo.

E a composição sente estranheza e se pergunta. Porque mudar? Porque mudamos? Afinal era uma coisa que já estava feita. Não sabiam como voltar. Só sabiam que não faziam mais a junção do mesmo corpo. Era tudo novo. Era tudo diferente.

Ordens aleatórias, mas sensatas que faziam do corpo organizado, racional, correto. Parecia que ia tudo bem.

Mas ainda havia confusão. O corpo entrava em abstinência de ações insensatas. As células os músculos, até o sangue, se sentiam quadrados, e mesmo estando em condições bem melhores no sistema, algumas coisas simplesmente haviam desaparecido após o coração sair do controle. Eles sentiam falta.

O corpo então como um todo viu que não podiam abrir mão dos devaneios do coração. E decidiram tomar uma atitude em pró de todo o conjunto.

Porém antes, existiam algumas contradições entre as partes. As ações não tinham mais emoção, no entanto, vários danos não eram mais frequentes no corpo.

Diante disso, a solução mais aceita foi unir em liderança do corpo, a organização e consciência do cérebro, e a emoção e loucura do coração.

O cérebro orgulhoso não queria dividir sua alcunha com uma parte tão desequilibrada, mas diante das suplicas de todos os outros, aceitou.

Juntos perceberam que nunca o corpo funcionara tão bem. Jamais em anos, tinham funcionado daquela maneira tão inexplicavelmente boa, que não conseguiam nem definir.

Depois daqueles dias nunca mais faltou algo ao corpo. Decisões diferentes por lideranças diferentes, e eles estavam satisfeitos. Felizes. Completos. Eram devaneios conscientes.

Audre Bis
Enviado por Audre Bis em 25/01/2014
Código do texto: T4664343
Classificação de conteúdo: seguro